Banda…
Pertencer, Aparecer, Participar, Sentir, Viver, Ser.
Existem várias formas de ligação com a nossa banda/ associação. Resumidamente, e em minha opinião, podem traduzir-se nos verbos acima referidos assumindo a importância gradativa pela qual foram referidos.
Pertencer a alguma coisa equivale a formar, fazer parte ou ter relação. Este é um estádio pelo qual todos passamos, nomeadamente, quando entramos para as fileiras da banda ou da associação, geralmente ainda novos e impulsionados pelo exemplo de familiares ou de amigos. Nesta fase, mercê da fragilidade do vínculo com o grupo, os comportamentos – mais tímidos e por vezes irreflectidos – revelam-se ainda desprovidos de responsabilidade colectiva. Poderia dizer-se quase que se resume a estar de corpo presente.
Aparecer encontra equivalência em mostrar-se ou apresentar-se. Tal postura normalmente evidencia-se quando os intervenientes, já minimamente integrados com os pares e devido à evolução lógica das coisas, procuram – cada um à sua maneira – destacar-se e afirmar-se no grupo. Este destaque ou afirmação nem sempre surge como forma de exprimir os avanços alcançados pessoal ou artisticamente, mas, infelizmente e não raras vezes, traduz-se numa constante e egoísta procura de “oportunidades” para “brilhar”, para exibir certos “dotes”, tantas vezes contrários e prejudiciais aos interesses colectivos.
É diferente de Participar, entendendo-se este verbo como tomar parte em algo ou ter natureza ou qualidades comuns a algum indivíduo. Quem toma parte em algo ou tem qualidades comuns a alguém ou a um grupo não procura afirmar-se individualmente nem almeja “vedetismos bacocos”. Promove antes a unidade e uniformidade do todo, não hesitando em refrear os seus ímpetos/objectivos pessoais – diferente de anular-se como indivíduo – em detrimento de um bem maior, o sucesso colectivo. Participar é dar ideias, é tomar parte activa no projecto que se quer, em grupo, construir. É, portanto, muito mais, e também mais difícil, que o mero aparecer.
Sentir como que sofrer ou maneira de pensar ou de ver. Sentir um grupo ou melhor sentirmo-nos num grupo exige uma entrega constante de tal forma que sejamos capazes de perceber as especificidades dos nossos pares e, optimizando-as/ respeitando-as, conjugá-las com as nossas, buscando harmonia. Tal harmonia diverge claramente de hegemonia, na medida em que não queremos autómatos mas sim seres pensantes que, com a sua individualidade, acrescentem intelecto ao grupo.
Viver igual a: entreter relações sociais, gozar, conservar-se, durar, passar aos vindouros, conviver. Viver um grupo e concretamente a nossa banda é um desafio difícil. Não chega estabelecer relações com as pessoas a um nível mínimo. É imperativo ir mais além. Exige-se um conhecimento do colega para além da vertente musical/ profissional. Se houver verdadeiro convívio, o colega facilmente passa a amigo, permitindo que as pessoas gozem o tempo que se esvanece, fazendo-o durar para lá do efémero. É este conservar-se que faz com que seja possível passar aos vindouros os verdadeiros valores que estão na génese e que sustentam o próprio grupo.
Tais valores só podem ser transmitidos se praticados sempre. Tal condição leva-nos à conclusão que é preciso ser. Ser, no sentido de estar, ficar, tornar-se, preferir ou defender a existência. Aquele que é, que está, que fica, que prefere ou defende a existência é forçosamente alguém que alcançou uma ligação tal ao grupo que não consegue dissociar-se dele. Existe entre ambos uma relação como que umbilical, de interdependência, simbiótica. O dar e o receber confundem-se. Não há lugar a cobranças… de parte a parte.
Já agora vale a pena pensar nisto!
Raul Torres
2 comentários:
Amigo Raul tenho-te como uma pessoa inteligente....mas filosofo....grande Raul!! Directo ao assunto, puseste o dedo na ferida mesmo no sitio mais doloroso. Brincadeiras todos temos, momentos de palhaçada todos temos. Mas claro a falta de respeito....para isso não. Ai as "escalas"....musico novo carrega caixas, era a praxe.
Se vale!!!
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