segunda-feira, setembro 24, 2007

Festas da Nossa Terra

Chegado o momento de publicar as fotos da Festa de Santa Tecla, que decorreu no 1º fim de semana de Setembro, não podia deixar de fazer alguns apontamentos sobre as Festas da Nossa terra. E isto partiu de uma sugestão de um conterrânea nossa, que referiu e, muito bem, o facto de não termos postado nada acerca da Festa da Senhora das Vitórias.
O importante é que, tanto a festa da Senhora das Vitórias como a de Santa Tecla, são ambas importantes para a nossa identidade em termos de tradições, usos, costumes e devoção aos nossos santos.
As festas e romarias caracterizam-nos culturalmente e socialmente. E depois, de certeza que muitas vezes nos interrogamos do porquê de realizarmos tais ritos ou cumprirmos com tais costumes, religiosos ou de carácter mais cultural. É certo que a tendência é para cada vez mais se abandonar a organização de tais festas, e muitas vezes esta vontade parte de pessoas que deveriam ter um papel mais activo na dinamização e continuidade de tais costumes. É certo que tais eventos implicam custos, mas noutros tempos e em situações bem mais críticas economicamente as festas realizavam-se.
De alguma leitura de textos da nossa terra, destaco o seguinte retirado de Neiva, A.T.(1999). S.Paio de Antas sua história sua gente. Esposende. e Couto, E.M. (2002). A nossa Terra e suas devoções. Perspectiva Histórica e Pastoral.Paróquia de S. Paio de Antas.

"Quanto à festa de Santa Tecla sabemos que já se fazia bastante antes de 1780, no primeiro domingo de Agosto (...). Sabemos que durante muitos anos, a festa tournou-se característica pelos conhecidos Bailes de Santa Tecla. Estes tinham como introdução certas danças, como a dança dos lenços, a dança das varas e a dança das fitas. Seguindo-se à introdução, tinha lugar o julgamento pelo juiz, com a moça, o moço, a velha, o palhaço e outras tantas personagens da gíria popular. Em 1922, os Bailes de Santa Tecla foram abrilhantar a festa da Senhora das Vitórias."Para além destas histórias conta-se o porquê do fogo de artifício no rio ser tão característico. Ao que parece surgiu de uma espécie de imitação da Serenata realizada nas Festas da Agonia. No primeiro ano que se realizou o fogo no rio a invasão de curiosos foi grande. E conta-se o célebre incidente em 1975 em que toda a carga de fogo rebentou em segundos, dizem os textos que se temeu o pior e que foi o fogo mais rápido de sempre mas também, talvez, o mais bonito!

"A outra grande romaria é a da Senhora das Vitórias. (...)Por outra informação das despesas de 1891 sabemos que as festas tinham foguetes, duas bandas de música (a de Barcelos e a de Alvelos) com os seus coretos, sermão, missa cantada, armador, anjinhos e iluminações.
(...)
Começava invarialvelmente ao meio-dia de sábado, com a entrada das Bandas no Adro da Igreja, depois iam dar uma volta - a que chamavam alvorada- pelos vários lugares da freguesia. No regresso à igreja, ao fim da tarde, cantavam-se vésperas solenes em honra de Nossa Senhora, cerimónia a que o povo acorria em grande número. À noite havia o arraial com o adro iluminado a tejelinhas de sebo, despique das músicas nos palanques, queima de fogo preso no adro e fogo do ar lançado do Monte das Aras
(...)"


Bem...e se nós muitas vezes nos queixamos da iluminação dos palcos ou coretos, agora imaginem tudo iluminado a tijelinhas de sebo!!!
São realmente interessantes estes relatos, tais como outros de serem os homens casados a organizarem as festas e em determinada altura os jovens tomarem a iniciativa de organizar as mesmas para as dinamizar mais. De andarem por caminhos desconhecidos e por várias horas para irem contratar as melhores Bandas da Região da época (diz-se nos textos, a de Vilar do Monte e a do Carvalho), de terem de levantar 4 palanques para os músicos, dois no adro para o domingo e dois para fora do adro para tocarem na noite de sábado. Tudo porque as autoridades diocesanas não permitiam a realização dos arraiais dentro do adro.
E é impressionante como hoje em dia, existem todas as facilidades e mais algumas, diversos atractivos e cada vez mais nos desresponsabilizamos de realizar as festas da nossa Terra. E cada ano que passa, mais difícil se torna a passagem do testemunho, e cada ano que passa vemos sempre os mesmos nas Comissões de Festas. E mais cedo ou mais tarde, não haverão arcos iluminados, palcos e grupos a tocar, "entradas das Bandas", fogo de artifício, procissões e andores floridos, igreja e capela ornamentadas, não haverão os doces da festa, e as homilias não serão sobre a vida dos nossos santos. Esperemos que não...

Vitórias 2007

Santa Tecla 2007

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