domingo, janeiro 07, 2007

Os Reis...ou as Janeiras!

Todos os anos no primeiro fim semana de Janeiro alguns elementos da Banda percorrem as ruas da freguesia para "tocar as Janeiras" e levar a todos os Votos de Bom Ano Novo.
Este ano não foi excepção e a tradição cumpriu-se com 3 grupos de músicos que se dividiram pelos diversos lugares da freguesia.
Já noutros tempos as "Janeiras" assinalavam o início do ano, como podemos ver no texto retirado de Couto, E.M. (2002). A nossa Terra e suas devoções. Perspectiva Histórica e Pastoral. (pp.89-92). Paróquia de S. Paio de Antas.
Em diversas regiões de Portugal, é ainda costume, por esta altura, cantar os “Reis” ou as “Janeiras”, assinalando, quer o início do ano, quer a tradição cristã dos Reis propriamente dita. Assim aconteceu também entre nós, noutros tempos, e tem vindo a acontecer de novo nos últimos anos.
Do que noutros tempos se fazia, aqui fica a memória:

“ Relacionada com a quadra natalícia, havia uma tradição muito antiga que se perdeu e que se chamava cantar os Reis. Na nossa freguesia formavam-se três grupos, um para os lugares da parte de cima, outro para os lugares de Belinho e Estrada e outro para o lugar de Guilheta. Cada um destes grupos, num domingo ou dia santo, entre o Natal e os Reis, com 2 cantadores e um grupo de músicos, percorria os respectivos lugares, cantando À porta dos moradores e recolhendo donativos em dinheiro ou em géneros, especialmente peças de fumeiro. Terminada a volta pelo respectivo lugar, e depois da ceia, organizava-se um desafio de cantadores, durante o qual se fazia o leilão dos géneros recolhidos. No final, feitas as contas à receita e despesa, havia sempre um saldo positivo elevado, que era aplicado na celebração de missas pelas almas do Purgatório. Aliás, era com essa intenção que se fazia a recolha dos donativos.
Esta tradição terminou nos primeiros anos da década de 50, e pena foi. Ultimamente, tem-se procurado retomar, mas com outros fins. E está longe de encontrar o entusiasmo de antigamente”.

(Memória de Manuel Faria Viana)


Em Guilheta, as “reizadas” deixaram memória, particularmente as cantorias que tinham lugar à noite, umas vezes no “coberto” do “Frade” (Manuel Martins Frade), outras no “coberto” da Tia Amélia da Loura, e ainda noutras (…). Estas noites de cantigas ao desafio reuniam grande número de ouvintes, de Guilheta e de outros lugares da freguesia. Na memória de alguns ficaram os nomes de “cantadores” como o Pereira, da Apúlia, o Ferreira, de S. Simão da Junqueira (Vila do Conde), o Teixeira, de Ovar, a Deolinda Ferreira, de Oliveira de Azeméis, ou o “Peta”, de Vila Verde.
(Memória de Manuel Gonçalves Couto)

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